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O Jogo de Gamão em Itiúba

TRADIÇÕES
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

O Jogo de Gamão em Itiúba

 

O gamão é um dos jogos de tabuleiro mais antigos do mundo, com registros que remontam a cerca de 3000 a.C. Apesar de sua longa história, o gamão continua vivo e é jogado até hoje por pessoas de todas as idades. O tabuleiro do jogo possui 24 casas, divididas em quatro seções iguais. Cada jogador controla 15 peças, que começam posicionadas em sua seção inicial. O objetivo é simples, mas desafiador: ser o primeiro a remover todas as peças do tabuleiro, antes que o oponente o faça.

O gamão combina estratégia e sorte, criando um equilíbrio que mantém os jogadores atentos e engajados. A estratégia é fundamental para mover as peças de maneira eficiente e evitar que as peças do adversário sejam eliminadas. Por outro lado, os números sorteados nos dados podem virar o jogo em um piscar de olhos, trazendo um elemento imprevisível que torna cada partida única.

Em Itiúba, o gamão é uma tradição que atravessa gerações. Por décadas, ele foi passado de pai para filho, integrando-se à identidade cultural da cidade. Embora o interesse pelo jogo tenha diminuído nos últimos tempos, ainda é possível encontrar idosos reunidos sob a sombra de uma árvore em uma rua tranquila, rindo e se divertindo com esse jogo milenar.

Minha infância foi marcada pela presença vibrante do gamão. Naquela época, era comum ver grupos disputando partidas nas calçadas e até mesmo participando de campeonatos informais. Aprendi a jogar aos 12 ou 13 anos e, embora não more mais em Itiúba, o gamão continua presente em minha vida, sendo uma das formas de conexão com meus irmãos. Na juventude, desenvolvi meu estilo de jogo observando atentamente as táticas empregadas pelos melhores jogadores da cidade. Grandes mestres do gamão em Itiúba incluíam nomes como Carlos Pires, Isaías Martins, Banduca, Bertinho, Zezito, Nininho do Alto, Osvaldo Carvalho e Tiberinho.

O entusiasmo pelo gamão era tão forte naqueles tempos que, em Itiúba, algumas das regras oficiais do jogo foram adaptadas localmente para torná-lo ainda mais interessante e competitivo. As partidas se tornavam verdadeiros eventos sociais, especialmente quando contavam com muitos espectadores. Essas partidas atraíam os famosos “perus” e “ferrados”. Os “perus” eram espectadores inquietos e emocionados que não conseguiam se conter, chegando a dar palpites sobre as jogadas mais desafiadoras. Já os “ferrados” eram os jogadores que, frustrados com as constantes intervenções dos “perus”, acabavam perdendo a paciência, gerando momentos hilários que tornavam o jogo ainda mais memorável.

O gamão não era apenas um jogo; era um símbolo de convivência, estratégia e diversão em Itiúba. Apesar de sua prática ter se reduzido com o passar dos anos, ele permanece vivo na memória de muitos, como um lembrete do valor das tradições e do poder que um simples jogo pode ter para reunir pessoas e criar histórias inesquecíveis.

 

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