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Valmir Simões, suas Crônicas e suas Aventuras!

PESSOAS
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

Valmir Simões, suas Crônicas e suas Aventuras!

 

O escritor Valmir Simões, com sua crônica “O Rapaz da Capa Preta”, publicada ontem (24/02/2011), alcançou a impressionante marca de 300 crônicas escritas para este site, representando mais de um terço do total de textos aqui publicados. Com sua memória prodigiosa, Valmir rememora e retrata como era a vida naquela pequena cidade entre serras, no interior da Bahia, durante a década de 1960. Apesar de já ter abordado uma grande variedade de temas, ele afirma que ainda há muito por compartilhar.

Naquela época, Valmir era um jovem alto, magro, alegre e extrovertido, conhecido por seu jeito cativante de chamar todos de "Vizinho". Ele trabalhava no armazém de seu pai, José Simões, localizado estrategicamente no centro da cidade, entre o Cine Itiúba e a Farmácia de Dona Ziru. Seu pai era uma figura estimada pela comunidade, e seu estabelecimento atraía muitos clientes e visitantes. A Avenida Getúlio Vargas, onde o armazém se situava, era o coração pulsante de Itiúba, e tudo de relevante que acontecia na cidade parecia convergir ali. Do balcão do armazém, Valmir observava o vai e vem das pessoas, captava as histórias e acontecimentos, e armazenava tudo em sua mente privilegiada. Hoje, somos agraciados com essas memórias, transformadas em crônicas bem-humoradas e instrutivas.

Embora Valmir já tenha narrado em suas crônicas  vida de muitas pessoas daquela época, é interessante também conhecê-lo mais de perto, tal como era nos anos 60. Certa vez, ele e seus amigos decidiram fazer uma farra com vodka misturada a suco de uva. Valmir exagerou na bebida, e ao chegar em casa, foi dormir. No entanto, acordou vomitando sem parar. O som estranho chamou a atenção de sua mãe, que, ao entrar no quarto, ficou aterrorizada ao ver um líquido vermelho escorrendo pela boca do filho e formando um rio que avançava por baixo da porta. Imediatamente pensou que fosse sangue e entrou em desespero. Só conseguiu se acalmar quando descobriram que, felizmente, era apenas vodka misturada ao suco de uva.

Em outra ocasião, durante um passeio com tias e primos à Fazenda do Estado, localizada nos arredores da cidade, Valmir viveu uma aventura que não seria esquecida. O local era deslumbrante: bem cuidado, limpo e iluminado, com uma atmosfera acolhedora. Tudo corria bem até o momento de voltar para casa, quando Valmir e um primo decidiram ficar para trás do grupo e praticar tiro ao alvo com seus badogues. Eles miraram nas lâmpadas elétricas que iluminavam a fazenda, estilhaçando várias delas. No dia seguinte, o Engenheiro-Administrador da Fazenda foi até o armazém de José Simões para cobrar os prejuízos causados. Seu pai, conhecendo bem o filho, respondeu com naturalidade: “Eu não estou duvidando de nada”. E pagou os custos do incidente. Como punição, Valmir ficou um ano sem ir ao cinema, uma das poucas distrações disponíveis na cidade.

Recentemente, Valmir revelou, em uma de suas crônicas, um hábito curioso daquela época: gostava de passear à noite em Itiúba trajando apenas uma capa colonial preta, sem nada por baixo. Nosso saudoso amigo Zezito do Cinema, conhecido por seu espírito irreverente, também fazia o mesmo. Assim, as noites da pequena cidade eram habitadas por "Homens de Preto" inusitados, protagonizando histórias que hoje nos fazem rir e relembrar.

Valmir é, sem dúvida, um contador de histórias extraordinário, que nos transporta para uma época mais simples, repleta de momentos alegres e genuínos. Suas crônicas, sempre bem escritas e divertidas, despertam em nós o saudosismo de uma infância vivida em tempos de tranquilidade e proximidade comunitária.

Parabéns, Valmir, por essa admirável conquista de 300 crônicas! Que venham muitas mais!

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