ÍNDICES
-AÇUDES, RIOS, RIACHOS, TANQUES E CACIMBAS
-ADMINISTRAÇÃO E AUTORIDADES MUNICIPAIS
-APARELHOS, INSTRUMENTOS E UTENSÍLIOS
-BAIRROS, RUAS, PRAÇAS E LADEIREAS
-CASARÕES E PRÉDIOS HISTÓRICOS
-CIRCOS E PARQUES DE DIVERSÕES
-CLUBES, BANDAS E FILARMÔNICAS
-CRENÇAS, RELIGIÕES E SUPERTIÇÕES
-ESTABELECIMENTOS E EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS
-ESTRADA DE FERRO, ESTAÇÃO, TRENS
-FENÔMENOS E CATÁSTROFES NATURAIS
-ORIGENS, HISTÓRIA E PROGRESSO
-PERSONAGENS POPULARES E COMUNS
Blog
O Teia
PESSOAS
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

Meu primo Edmar era o carismático proprietário da Loja dos Tecidos, localizada no coração da cidade. Embora o tecido fosse a mercadoria principal, sua loja era um verdadeiro bazar, oferecendo de tudo um pouco: espelhos e vidros cortados na hora, enfeites para caixões de defuntos e até itens inesperados que surpreendiam os clientes. Quando ele atendia pessoalmente às freguesas, parecia que ia desmontar a loja inteira no balcão. Trazia peças e mais peças de tecido, às vezes para vender apenas um metro, mas sempre com um sorriso e uma energia contagiante.
Edmar era conhecido por sua dedicação ao trabalho, mas também por seu espírito brincalhão. Quando chegava o carnaval, ele se transformava em uma figura inesquecível. Logo cedo, aparecia na praça vestido de mulher, arrancando risadas e aplausos de todos. Só deixava o local quando suas pernas não aguentavam mais. Seu humor peculiar também se manifestava em apelidos e expressões. Ele adorava chamar os outros de "Teia", apelido que acabou adotando para si mesmo. E quando queria comentar sobre alguém que estava namorando exageradamente, dizia que a pessoa estava "escovando".
Uma das histórias mais memoráveis envolvendo Edmar aconteceu em uma madrugada de carnaval. Eu voltava de um baile noturno na Rua 2 de Julho quando ouvi um barulho alto de objetos sendo jogados ao chão, acompanhado de xingamentos furiosos. Reconheci a voz de Edmar e, preocupado, pensei: "Ele está brigando com alguém, e é mulher, porque os nomes feios que ele pronuncia estão no feminino." Aproximando-me com cautela, imaginava como poderia intervir para evitar uma tragédia. Mas, ao chegar mais perto, fui surpreendido por uma cena hilária: Edmar, completamente bêbado, estava xingando e batendo na sua bicicleta. Ele tentava, sem sucesso, manter-se nela por mais de um segundo, e sua frustração era tão grande que parecia estar brigando com um inimigo.
Edmar era assim, uma mistura única de trabalhador dedicado, brincalhão irreverente e personagem inesquecível. Suas histórias continuam a viver na memória de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo, trazendo sorrisos e saudades.
Comentários
(0) Comentários...