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O Circo do Pedro Coruja

CIRCOS E PARQUES DE DIVERSÕES
Autor: Fernando Pinto de Carvalho

O Circo do Pedro Coruja

 

Por ano, dois ou três circos chegavam à cidade, trazendo consigo uma mistura de novidade e expectativa para os moradores. Eles eram montados na Praça Nova, transformando o espaço em um cenário de entretenimento. Contavam com arquibancadas, também chamadas de "geral," uma área reservada para cadeiras, um pequeno picadeiro e o palco onde tudo acontecia — desde a encenação de peças teatrais, como a emocionante O Ébrio, até as apresentações vibrantes das rumbeiras e as tiradas cômicas dos palhaços. Para evitar a presença dos "penetras," o circo cercava seu perímetro com arame farpado, protegendo assim seu espaço e criando uma aura de exclusividade.

Embora muitos desses circos fossem precários e de qualidade questionável, o que lhes rendeu o apelido de "circo mulambo," um em especial conseguiu superar todas as expectativas e marcar presença na memória dos moradores: o célebre Circo do Pedro Coruja. Nenhum outro conseguiu permanecer na cidade por mais de 20 dias, mas o Circo do Pedro Coruja ficou por impressionantes três meses, realizando três espetáculos semanais e atraindo sempre grande público. O segredo do sucesso estava em dois nomes inesquecíveis: Maria Pureza, a rumbeira que encantava os homens com seu rebolado rítmico e provocante, e Pascolino, o palhaço que arrancava risadas até das pessoas mais sisudas.

Maria Pureza despertava uma verdadeira comoção entre os homens da cidade, que se aglomeravam nas proximidades do palco para não perder nenhum movimento da rumbeira. Entre os admiradores mais fervorosos estava o Beijá, famoso por gritar a plenos pulmões: "Purezinha!!! Você me mata..." Após suas apresentações, ela passeava entre o público, distribuindo fotos autografadas e lançando fitas nos ombros dos homens, sempre obtendo alguns trocados por sua simpatia. Pascolino, por outro lado, conquistava o coração de todos com sua espontaneidade e humor contagiante — tudo o que ele dizia era motivo de risadas e aplausos.

Além deles, o circo contava com a dupla Indinha e Indião, que cantavam e dançavam vestidos de índios, adicionando um toque folclórico às apresentações. A divulgação dos espetáculos era um evento à parte: os palhaços, equilibrando-se em gigantescas pernas-de-pau, percorriam as ruas da cidade anunciando as "grandes" atrações do dia, cantando e chamando a atenção de todos para o espetáculo que estava por vir.

 

O Circo do Pedro Coruja não era apenas um evento; era uma experiência que unia a cidade em torno da magia do entretenimento. Hoje, ele permanece vivo na memória daqueles que tiveram a sorte de vivenciar sua passagem — um símbolo de tempos mais simples e de uma alegria que transcendia as limitações do cotidiano.

 

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